Morte de jovem em São Gabriel foi em decorrência de golpe, aponta perÃcia
Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, sofreu lesão na cervical que provocou hemorragia interna
29/08/2022 13:36 por redação

Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, morreu em decorrência de um golpe por objeto contundente, e não por afogamento. Os resultados da perícia confirmam o que a Polícia Civil já havia reunido na investigação do caso e que levou ao pedido de prisão dos policiais militares envolvidos na abordagem ao jovem por homicídio duplamente qualificado.
Segundo laudo de necropsia, Gabriel apresentava marcas no pescoço e sofreu uma lesão na cervical, o que ocasionou hemorragia interna. Quando foi deixado em um açude no município de São Gabriel, na Fronteira Oeste, já não estava respirando.
Essas são as conclusões do laudo que foram apresentadas na manhã desta segunda-feira (29) pela cúpula da Segurança Publica do Estado. Participam da coletiva o secretário da Segurança, Vanius Cesar Santarosa, o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Claudio dos Santos Feoli, a diretora-geral do Instituto-Geral de Perícias (IGP), Heloísa Helena Kuser, e o chefe da Polícia Civil, delegado Fábio Motta Lopes.
Em depoimentos dados no sábado (27) à Polícia Civil e no domingo (28) à Corregedoria da BM, os três policiais investigados mantiveram uma mesma versão: sustentaram que não espancaram ou assassinaram o rapaz.
De acordo com o chefe da Polícia Civil, delegado Fábio Motta Lopes, o laudo apresentado pelo IGP "confirma a versão que as testemunhas já haviam apresentado na investigação" e reforçam os indícios colhidos pela polícia, que levaram ao pedido de prisão preventiva por suspeita de homicídio duplamente qualificado na semana passada.
O comandante-geral da Brigada Militar, coronel Claudio dos Santos Feoli, também afirmou que o laudo reforça a ideia de que a morte de Gabriel foi "homícidio doloso".
"[Os indícios apontados no laudo pericial] nos motivam ao encaminhamento, nas próximas horas, de um inquérito policial militar para a Justiça Militar", disse. Segundo ele, serão apontados crimes militares como falsidade ideológica e ocultação de cadáver, além de outras "condutas transgressionais".
Além disso, segundo o comandante-geral, será aberto um procedimento chamado conselho de disciplina, que deve levar à exclusão dos três policiais dos quadros da Brigada Militar.
Relembre o caso
Natural de Guaíba, Gabriel — que tinha se mudado havia apenas 15 dias — foi abordado no final da noite de 12 de agosto, no bairro Independência, em São Gabriel. Após ser levado na viatura pelos três PMs, não foi mais visto. Uma semana depois, o corpo dele foi encontrado a dois quilômetros de onde ocorreu a abordagem, dentro de um açude.
Na ocorrência, os policiais haviam registrado que revistaram Gabriel e o liberaram. Com o sumiço, foram ouvidos em inquérito policial militar e admitiram ter levado o jovem para a localidade de Lava Pé. Alegando inocência, as defesas disseram que foi ele quem pediu para ser deixado naquele local, pois estaria procurando a casa de familiares.
No último dia 23, a juíza Juliana Neves Capiotti, da Vara Criminal de São Gabriel, decretou a prisão preventiva do trio. Os policiais — os soldados Raul Veras Pedroso e Cléber Renato Ramos de Lima e o segundo-sargento Arleu Júnior Cardoso Jacobsen — estão presos desde 19 de agosto por determinação da Justiça Militar. O decreto ocorreu em função de irregularidades na condução da ocorrência.
GaúchaZH
Os comentários são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.