Polícia prende suspeito de estuprar física e virtualmente adolescente de 12 anos
Homem de 38 anos tem cargo em comissão em uma prefeitura do Vale do Sinos; investigação aponta que ele também teve dois encontros com a vítima para ter relações sexuais
21/11/2025 08:11 por redação
A Polícia Civil investiga um caso de estupro físico e virtual de uma adolescente de 12 anos em Arroio do Meio, no Vale do Taquari. O suspeito dos abusos tem 38 anos e é servidor público, com cargo em comissão, em uma prefeitura do Vale do Sinos. Ele teve prisão preventiva decretada pela Justiça e foi capturado na terça-feira (18).
Conforme a investigação da delegacia de Arroio do Meio, o homem teria atraído a adolescente em conversas nos aplicativos Jaumo e Instagram. Além de atos que caracterizam, segundo a polícia, o estupro virtual, o investigado teria tido dois encontros presenciais com a adolescente para manter relações sexuais em uma casa abandonada, em outubro.
Os pedidos de fotos e de vídeos íntimos que ele faria para a vítima e detalhes dos encontros — como a preocupação de não poder ir a um motel por ela ser menor de 18 anos — estão registrados em conversas analisadas pelos policiais. Muitos dos diálogos foram apagados pela vítima.
O suspeito teria criado uma conta falsa, com nome falso e se identificando como estudante de 25 anos, para conversar direta e exclusivamente com a vítima, que não tinha aplicativos no celular. Ela usava o tablet de uma familiar para os contatos. A investigação começou em 7 de novembro, quando a mãe dela descobriu as mensagens no tablet e fez ocorrência policial.
Localização do suspeito
A vítima chegou a dar algumas informações sobre as características do homem, mas a identidade era um desafio. Até que, autorizada pela família, uma policial seguiu trocando mensagens com ele, passando-se pela adolescente. O homem marcou um novo encontro para 10 de novembro. Quando chegou ao local em que a adolescente embarcaria no carro, foi abordado por policiais.
Questionado sobre o que fazia ali, alegou que atenderia uma corrida de aplicativo, mas desconversou quando os agentes pediram detalhes sobre o passageiro. A abordagem serviu para identificação do homem e do carro em que teria transportado a adolescente para os encontros.
Com placa e modelo, os policiais fizeram buscas em câmeras de segurança nas cidades e na estrada entre os dois municípios. O veículo do suspeito apareceu fazendo o trajeto justamente nas datas dos encontros marcados nas conversas. Os policiais também localizaram a casa onde teriam ocorrido os encontros, uma residência que foi abandonada depois de ser atingida pela enchente. No local, foram apreendidos preservativos que foram encaminhados à perícia.
Eletrônicos apreendidos
Na terça-feira (18), a polícia fez buscas na casa e no local de trabalho dele, no Vale do Sinos, com apoio de equipe do Instituto-Geral de Perícias (IGP). Zero Hora não revela a cidade a pedido da polícia, para não interferir na investigação. No computador que ele usava na prefeitura, os peritos encontraram uma pesquisa feita em 11 de novembro, um dia depois dele ter sido abordado pelos investigadores. Ele queria saber se um réu primário poderia ser preso.
Foram apreendidos dispositivos eletrônicos para perícia para verificar se ele usava outros perfis falsos em redes sociais e se teria feito mais vítimas. Nesses equipamentos, será possível analisar ainda se ele armazenava e compartilhava mídias digitais com conteúdo sexual envolvendo crianças e adolescentes, o que configura outro crime além do estupro de vulnerável. Os peritos recolheram ainda, na casa e no carro do suspeito, objetos e materiais para posterior análise comparativa com vestígios de material genético colhidos no local onde teria ocorrido o estupro.
Alerta da polícia
Segundo o delegado Marcelo de Moraes Hartz, que conduz a investigação, chamou a atenção o fato de o abuso não ter se limitado ao ambiente virtual e a ousadia do investigado, que buscou a vítima nas proximidades de casa, depois de viajar entre um município e outro com o carro particular. Hartz faz um alerta:
— É fundamental que os pais ou responsáveis estejam atentos aos conteúdos que estejam sendo acessados por crianças e adolescentes na internet, especialmente em redes sociais. Os abusadores agem de maneira ardil, seduzindo vítimas inocentes e inexperientes, estabelecendo uma relação de confiança. A partir daí, criam mecanismos e estratégias para blindar a relação para que não seja descoberta.
A polícia também destaca a importância de a família acionar o quanto antes as autoridades.
— Isso vai contribuir para a interrupção dos abusos, proteção e acolhimento à vítima e aos familiares, a descoberta de outros crimes e vítimas e para evitar que outros sejam vítimas. Neste caso, o envolvimento da família foi fundamental para a solução do crime, que resultou na prisão preventiva do abusador — afirmou o delegado.
No dia da prisão, o suspeito optou por ficar em silêncio, mas ele ainda será intimado a depor. Zero Hora não publica o nome dos envolvidos para preservar a vítima, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente.
GZH
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