Bancada negra da Câmara de Porto Alegre vai manter protesto contra hino do RS
Os integrantes da bancada negra apontam que há conotação racista no verso que diz que "povo que não tem virtude acaba por ser escravo".
03/12/2021 09:41 por André Motta

Marco Favero / Agencia RBS
Os vereadores negros que exercem mandato na Câmara de Porto Alegre vão manter o protesto contra o Hino Rio-Grandense, contrariando o projeto de resolução aprovado pela Casa na quarta-feira (1º) que inclui entre os deveres dos parlamentares ficar em pé durante a execução do hino. Os integrantes da bancada negra apontam que há conotação racista no verso que diz que "povo que não tem virtude acaba por ser escravo".
A discussão sobre o assunto começou na cerimônia de posse da legislatura, em 1º de janeiro, quando os vereadores permaneceram sentados durante a execução do hino estadual. O ato incomodou a vereadora Mônica Leal (PP), que apresentou o projeto que obriga os vereadores a ficarem "em pé e em posição de respeito durante a execução do Hino Nacional Brasileiro e do Hino Rio-Grandense".
A proposta começou a tramitar em janeiro, mas chegou ao plenário apenas nesta quarta. Foi aprovada por 22 votos a 11.
Autora de um discurso ríspido contra a iniciativa de Mônica Leal, a vereadora Bruna Rodrigues (PCdoB) disse nesta quinta-feira (2) que o grupo avalia entrar na Justiça, para anular o projeto. Segundo ela, a aprovação da proposta representa uma manifestação do racismo estrutural presente na sociedade.
— Me obrigar a cantar o hino, negando minha identidade, é uma violação de um direito individual e coletivo — ressaltou.
Por sua vez, o vereador Matheus Gomes (PSOL) diz que a proposta é inconstitucional e tem caráter autoritário.
— É uma tentativa de interditar um debate que a sociedade gaúcha recém começou a fazer, sobre a necessidade de rever a simbologia racista na frase do hino —argumenta Gomes.
Gaúcha ZH
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