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Corregedoria apura atuação de juíza que proibiu aborto em menina de 11 anos vítima de estupro em SC

Criança está sendo mantida em um abrigo há mais de um mês

21/06/2022 08:39 por Maira Kempf


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A Corregedoria-Geral de Justiça, área indepedente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC) responsável por investigar o trabalho de juízes, instaurou, no fim da tarde de segunda-feira (20), pedido de providências para apurar a conduta da magistrada Joana Ribeiro Zimmer, que impediu uma menina de 11 anos de fazer aborto após estupro. 

O caso, ocorrido na Grande Florianópolis e revelado pelo Portal Catarinas e pelo The Intercept Brasil na manhã de segunda, ganhou repercussão nacional ao longo do dia. Segundo a nota publicada pelo TJ-SC no início da noite, o processo corre em segredo de justiça por envolver menor de idade, "circunstância que impede sua discussão em público". 

A menina de 11 anos sofreu estupro no começo do ano e descobriu estar com 22 semanas de gravidez ao ser encaminhada a um hospital de Florianópolis, segundo a reportagem. No local, teve o aborto negado, apesar de o procedimento ser permitido pela lei brasileira em casos de estupro. 

Em nota enviada ao G1, o Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), informou "que o procedimento de aborto legal no HU depende desta autorização da justiça quando ultrapassa as 20 semanas e 00 dias. O MP não baseou seu pedido no parecer da equipe especializada do HU-UFSC". 

"Em todas as circunstâncias o HU buscou garantir a assistência em saúde e os direitos humanos à criança, ofertando assistência à saúde, e avaliação da equipe multidisciplinar em relação à melhor conduta para a situação. Esta instituição, que é uma das únicas do Estado de Santa Catarina a oferecer um serviço de aborto legal, sempre trabalhou com intuito de assegurar o direito das mulheres", diz o texto. 

A criança está sendo mantida em um abrigo, e não em casa, há mais de um mês por decisão judicial. No processo, a juíza afirma que isso ocorre a pedido da Vara da Infância para proteger a criança do agressor que a estuprou mas que, agora, o objetivo é evitar o aborto. A suspeita é de que ela tenha sido estuprada em casa.

Também ao G1, a advogada da menina, Daniela Felix, afirmou que há uma decisão da Justiça que autoriza a interrupção da gravidez, mas que o fato de a criança estar internada em um abrigo impede que a decisão seja executada. A advogada espera a decisão de um recurso para que a menina volte para a casa.

Em audiência no dia 9 de maio, com vídeo publicado na reportagem do Intercept, a Justiça e a Promotoria de Santa Catarina sugeriram manter a gestação por mais “uma ou duas semanas” para aumentar a sobrevida do feto. A juíza Joana Ribeiro Zimmer questiona a menina sobre a gravidez:

— Você suportaria ficar mais um pouquinho?

Na decisão judicial, a juíza afirma que o aborto só seria possível com menos de 22 semanas de gestação ou 500 gramas do feto. "Logo, não se impediu o aborto da menina porque, passado o prazo legal e também o tamanho adequado do bebê, o que foi impedido por esse juízo foi o cumprimento de uma ordem que já não era mais de aborto e só não foi cumprida porque a menina estava institucionalizada (internada em um abrigo) pois, se estivesse com a mãe, teria sido realizado o procedimento sem a salvaguarda da vida do bebê", considerou a magistrada, segundo transcrição do G1.

Gaúcha ZH



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