Golpista oferece falsas vagas para faculdade de medicina em universidade pública do RS
Reportagem da RBS TV flagrou negociação em que falsário oferece colocação por R$ 35 mil. Homem já foi preso pelo mesmo estelionato no ano passado.
03/08/2022 08:13 por André Motta

Um homem, que já foi preso por estelionato em 2021, em Goiás, é investigado por vender vagas em universidades públicas do Rio Grande do Sul. O golpe consistia no pagamento por uma suposta colocação na instituição sem passar pelos processos seletivos legais, por meio de editais.
Nesta segunda-feira (1º), Alaor da Cunha Filho conversou com a reportagem de RBS TV pensando que estava diante de uma nova vítima. O que não imaginava era que a conversa estava sendo gravada e, quando confrontado, desligou a ligação sem se manifestar.
"Essas vagas não existem, porque as universidades federais não fazem processos de transferência, ainda mais de faculdades no exterior, utilizando de empresas intermediadoras, muito menos cobrando valores exorbitantes. Essas vítimas precisam saber que certamente estarão caindo em um golpe", afirma o delegado Igor Dalmy.
Entenda o golpe
Perfis nas redes sociais anunciam assessoria para quem tenta vagas em faculdades de medicina em diversas universidades do país, em qualquer nível do curso. Uma fisioterapeuta de Pelotas, no Sul do RS, que prefere não ser identificada, interessou-se pelo serviço. O objetivo dela era concluir uma nova faculdade aproveitando as disciplinas que havia estudado no curso que já concluiu.
"Eu sou profissional de saúde e resolvi que quero fazer uma segunda graduação, que é em medicina, buscando nas redes sociais assessorias que são de empresas sérias", diz a vítima.
Essas empresas oferecem ajuda com a documentação para permitir que o candidato concorra a uma dessas vagas, oferecidas legalmente por meio de editais, ou seja, processos seletivos abertos para ampla concorrência. No entanto, uma conversa mais detalhada com o dono do perfil que anuncia o serviço, levou a vítima a desconfiar que não se tratava de uma empresa séria.
"Assim que eu entrei em contato e ele me chamou no WhatsApp, a coisa mudou de figura completamente. Passou a ser a oferta de uma vaga em uma universidade federal no valor de R$ 35 mil, e não o edital que eu esperava que fosse, para entrar de forma legal em uma faculdade", completa.
Reportagem flagra estelionato
A reportagem de RBS TV participou de uma chamada de vídeo entre o suspeito e a fisioterapeuta. Alaor, que se apresenta apenas como Marcelo, diz que vende as vagas para o curso de medicina na Universidade de Santa Maria (UFSM) graças a supostos contatos que tem dentro da instituição.
"Eu não faço por fora, não, tenho um contato lá dentro. Vocês passam para mim e eu passo para eles. A pessoa trabalha lá dentro. Isso é certo", alega.
O golpista afirma que consegue até interferir nas notas, para garantir a aprovação da futura aluna, por R$ 8 mil.
"Caso você precisar, eu tenho nota também. Em seis anos, você sai, isso é certo. Porque, infelizmente, tem matéria que o aluno não consegue, não dá.É o básico. Se a média for sete, é sete. Se média for seis, é seis", diz.
A UFSM assegura que se trata de um crime, provavelmente de um estelionato, que será repassado à Policia Federal para que tome as providências.
"Nós já passamos diretamente e publicamos ao gabinete do reitor, e passamos também à PF para que faça essa investigação", afirma o professor Jeronimo Siqueira Tybusch, pró-reitor de graduação.
Na verdade, tudo é encenação. Não tem nota alta e a vaga não existe. De acordo com o delegado Dalmy, Alaor morava em um condomínio de alto padrão no Rio de Janeiro. Agora, pode voltar a ocupar uma vaga na cadeia.
"A Polícia Civil de Goiás já identificou alguns membros dessa organização criminosa especializada. Trata-se de pessoas perigosas e que merecem ser chamadas à Justiça. Já causaram pelo menos R$ 500 mil em prejuízos às vitimas que nós já atendemos. Nós iremos coletar provas ainda em relação a outras vítimas, para promover a responsabilidade criminal de todos os integrantes dessa organização criminosa, e também das pessoas que forneceram seus dados pessoais para o registro de contas bancárias em nomes de laranjas", acrescenta.
G1/RS
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