Aliados da Ucrânia se reúnem para discutir possível avanço em negociações de paz com a Rússia
O conflito, que já custou a vida de dezenas de milhares de pessoas, continua sem grandes mudanças apesar de recentes avanços das tropas russas.
19/08/2025 09:44 por Bruno Vargas

Andrew Caballero - Reynolds / AFP
Nesta terça-feira (19), os aliados da Ucrânia participam de uma reunião para avaliar os desdobramentos das mais recentes conversas que visam pôr fim à guerra com a Rússia, em meio a sinais de que os presidentes Vladimir Putin e Volodimir Zelensky podem finalmente se encontrar para negociar a paz.
As expectativas de um avanço aumentaram após Zelensky e líderes europeus se reunirem na segunda-feira em Washington com Donald Trump, que afirmou ter mantido contato telefônico com Putin.
O conflito, que já custou a vida de dezenas de milhares de pessoas, continua sem grandes mudanças no front, apesar de recentes avanços das tropas russas.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, reiterou nesta terça que qualquer entendimento com Kiev precisa considerar os "interesses de segurança" de Moscou.
“Sem garantias quanto à segurança da Rússia e aos direitos dos russos e russófonos que vivem na Ucrânia, não há base para um acordo duradouro”, declarou Lavrov à emissora estatal Rossiya 24. Ele também mencionou a possibilidade de uma reunião entre Putin e Zelensky — a primeira desde o início da invasão russa, há mais de três anos —, ressaltando que o encontro precisa ser “cuidadosamente preparado”.
"Coalizão de voluntários" se articula
Cerca de 30 países aliados de Kiev se reúnem por videoconferência nesta terça-feira, conforme anunciado pelo presidente francês Emmanuel Macron, que também esteve em Washington para os encontros com Trump.
Segundo Macron, essa chamada “coalizão de voluntários” servirá para manter os países informados sobre os próximos passos. “Logo em seguida, iniciaremos um trabalho prático com os americanos”, declarou o presidente francês ao canal LCI.
A reunião será copresidida por Macron e pelo primeiro-ministro britânico Keir Starmer. Um porta-voz do governo do Reino Unido afirmou que serão discutidas estratégias para o futuro da Ucrânia.
Macron sugeriu Genebra como possível local para um eventual encontro entre Putin e Zelensky, mas frisou que a decisão sobre fazer concessões territoriais — incluindo áreas da região do Donbass — cabe exclusivamente à Ucrânia.
O ministro das Relações Exteriores da Suíça, Ignazio Cassis, afirmou que seu país está disposto a oferecer “imunidade diplomática” a Putin caso ele participe de uma conferência de paz, mesmo diante da ordem internacional de prisão emitida contra ele.
Caminho para o diálogo
Donald Trump, que recentemente encontrou Putin no Alasca, escreveu em sua rede Truth Social, após os encontros de segunda-feira, que “há um sentimento geral de otimismo quanto à possibilidade de PAZ entre Rússia e Ucrânia”.
Trump afirmou ainda que iniciou os preparativos para um encontro entre Putin e Zelensky em local ainda não definido e que, posteriormente, pretende realizar uma reunião trilateral.
O chanceler alemão Friedrich Merz, presente na delegação europeia, informou que Putin aceitou uma reunião bilateral nas próximas duas semanas. Zelensky, por sua vez, afirmou estar “pronto” para o encontro.
Apesar dos sinais positivos, Macron alertou que “Putin raramente cumpre seus compromissos” e o classificou como “um predador” e “um ogro às nossas portas”. Segundo o francês, o presidente russo tem agido como uma força desestabilizadora, buscando redelinear fronteiras para ampliar seu domínio.
Segurança e garantias
Embora a cúpula entre Trump e Putin realizada na última sexta-feira não tenha resultado em um cessar-fogo imediato, os ataques com drones russos sobre a Ucrânia seguem ocorrendo diariamente.
Zelensky esteve na Casa Branca, onde se reuniu com Trump, que o pressionou a considerar concessões em favor da Rússia. Em seguida, ambos tiveram um encontro privado no Salão Oval — o primeiro desde o tenso episódio exibido publicamente em fevereiro.
O presidente ucraniano classificou a reunião como a “melhor” que já teve com Trump. Por sua vez, o ex-presidente dos EUA afirmou ter discutido garantias de segurança para a Ucrânia, alegando que Putin as aceitou, mas afastando a possibilidade de ingresso do país na Otan.
De acordo com Trump, essas garantias seriam fornecidas por países europeus em cooperação com os Estados Unidos.
O Financial Times revelou, com base em um documento interno, que a Ucrânia se comprometeu a adquirir US$ 100 bilhões em armamentos norte-americanos, com financiamento europeu, em troca dessas garantias de segurança fornecidas por Washington.
Correio do Povo
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